Mourão reconhece existência de planos golpistas, mas minimiza: ‘conspiração tabajara’

Mourão reconhece existência de planos golpistas, mas minimiza: ‘conspiração tabajara’

Senador, que foi vice-presidente durante o governo Bolsonaro, conversou com a reportagem do jornal ‘O Globo’ antes da prisão de Braga Netto


Hamilton Mourão e Jair Bolsonaro. Foto: Tércio Teixeira/AFP

Porto Velho, RO - O general da reserva Hamilton Mourão (Republicanos-RS), vice-presidente no governo de Jair Bolsonaro (PL) e hoje senador, reconheceu que houve conspiração entre militares para uma tentativa de golpe de Estado após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais de 2022. O ex-vice, contudo, minimiza as intenções do complô, que chamou de ‘conspiração tabajara’.

Em entrevista ao jornal O Globo, Mourão elogiou o general Freire Gomes, que chefiava o Exército na época e recusou se unir aos fardados que se articulavam para tentar tomar o poder à força. O senador admitiu que as conversas existiram dentro da caserna, mas se apressou para tentar desqualificá-las.

“É uma conspiração bem tabajara, conversas de WhatsApp. Em tese, houve reuniões, mas não levaram a nenhuma ação. Na linguagem militar, nós definimos como ‘ações táticas’ tudo aquilo que há movimento. Não houve nada disso. Houve pensamento, não passou disso”, afirmou.
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Quando perguntado pelo jornal sobre o uso de viaturas do Exército por integrantes do grupo que se articulava para tentar o golpe, Mourão desconversou.

“Isso aí tudo tem que ser analisado dentro do contexto. Mas, vamos combinar, golpe não funciona assim. Golpe é como você viu aí na Síria, na Venezuela, na Turquia. É tropa na rua, é tiro, é bomba”, disse. “Como funcionaria um golpe? Você vai fazer o quê? Fechar o Congresso? Qual objetivo do golpe? Impedir a posse? Não tem nada disso. É um troço sem pé nem cabeça”.

Ao todo, 40 pessoas foram formalmente indiciadas pela Polícia Federal (PF) por possível participação no esquema. Ao Globo, ele disse que sequer sabia dos planos – que, segundo as investigações, previam assassinatos de Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal. Mourão, ao menos por ora, não foi implicado no caso.

“Essa investigação da PF, que levou praticamente dois anos, é um escarafunchar de conversas de WhatsApp e de algumas mensagens de e-mails trocados. A gente nunca sabe o contexto em que isso foi efetivamente tratado. Os que estão em indiciados, me parece um grupo pequeno e que não tinha a mínima condição de executar aquilo que em tese estaria dito que eles iriam executar”, ponderou.

“Eu desconhecia toda e qualquer conversa neste sentido. Eu sabia que havia reuniões no Palácio da Alvorada depois do segundo turno, na época o presidente com os comandantes, o Braga Netto, mas desconheço os assuntos”, complementou.

Prisão de Braga Netto

A entrevista de Mourão foi concedida à equipe do jornal antes da prisão de Walter Braga Netto, ex-ministro e candidato a vice de Bolsonaro nas eleições de 2022. Procurado novamente pelo O Globo para comentar o caso, Mourão se limitou a dizer que já tinha se manifestado pelas redes sociais.

“O General Braga Netto não representa nenhum risco para a ordem pública e a sua prisão nada mais é do que uma nova página no atropelo das normas legais a que o Brasil está submetido”, escreveu.

Fonte: Carta Capital

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