Comunidade Quilombola Real Forte Príncipe da Beira é atendida com “Operação Sem Fronteiras”

Comunidade Quilombola Real Forte Príncipe da Beira é atendida com “Operação Sem Fronteiras”


Operação do governo estadual chegou até a região do Vale do Guaporé, na Comunidade do Real Forte Príncipe da Beira


Porto Velho, RO - 
Enquanto a hesitação vacinal durante a Operação Sem Fronteiras prevalece na área urbana de Costa Marques, município localizado na margem direita do Rio Guaporé, na fronteira com a Bolívia, a comunidade Quilombola do Real Forte Príncipe da Beira, na zona Rural da cidade, adota uma postura oposta: todas as vacinas são bem-vindas e solicitadas para atendimento ao público local.

A operação do governo do Estado, realizada pela Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa) chegou até a região do Vale do Guaporé, na Comunidade do Real Forte Príncipe da Beira, que se destaca por sua resistência e cuidado com a saúde. A localidade faz parte das comunidades remanescentes de quilombos, que têm suas raízes no período colonial e na ação bandeirante em busca de riquezas, como ouro e pedras preciosas, na floresta amazônica do século XVIII.

Composta por 78 famílias, essa comunidade quilombola habita as margens do rio Guaporé há mais de 200 anos e mantém uma forte ligação com os vilarejos bolivianos próximos. Durante cada campanha vacinal, a presidente da comunidade, Nucicleide da Paz, estende um convite à população fronteiriça para participar da mobilização pela imunização, acreditando que um povo saudável é essencial para a continuidade de sua história.

SEM MEDO DA VACINA

Angel relatou que o irmão foi entusiasta da vacinação

Na comunidade, não há rejeição quanto às vacinas, incluindo a contra a covid-19. Os descendentes quilombolas foram pioneiros na luta para serem incluídos no grupo prioritário de vacinação, conscientes de que a saúde é um pilar fundamental para a preservação da sua cultura e identidade.

Angel Cayaduro Pesoa, guia turístico e irmão do ex-presidente da comunidade, Elvis Cayaduro, que faleceu no ano passado devido a uma pancreatite, lembra que seu irmão entrou com um pedido no Ministério Público Federal (MPF) para que a comunidade quilombola fosse incluída no calendário vacinal prioritário, ao lado dos povos indígenas.

A presidente Nucicleide da Paz destaca que o convite às campanhas de vacinação vai além da irmandade com os vilarejos bolivianos; é uma questão de fortalecer a vigilância em saúde em ambos os lados da fronteira. “Valorizamos a vacinação e, a cada campanha, realizamos uma busca ativa pelos moradores, não apenas da nossa comunidade, mas também do vilarejo de Puerto Hustarez, onde temos parentes e pessoas que transitam diariamente entre o lado boliviano e o brasileiro, em uma relação comercial ativa”, explica.

DIFÍCIL ACESSO

A comunidade fica à margem direita do Rio Guaporé

Outro fator que reforça a participação nas campanhas de vacinação, segundo Nucicleide da Paz, é a dificuldade de locomoção até as unidades de saúde, na cidade de Costa Marques. As mães, por exemplo, muitas vezes precisam enfrentar desafios para conseguir transporte para si e a seus filhos, o que significa deixar o trabalho doméstico e até faltar às aulas.

“Para incentivar a participação e prestar apoio, não há distinção de comunidade. O importante é a promoção e prevenção da saúde, evitando assim, a propagação de doenças”, enfatiza o diretor da Agevisa, Gilvander Gregório de Lima.

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