Atleta é desqualificada em Paris por protesto a favor da liberdade das mulheres afegãs

Atleta é desqualificada em Paris por protesto a favor da liberdade das mulheres afegãs

Dançarina de breaking exibiu faixa durante sua participação na competição e violou código de conduta do COI


Foto por Odd ANDERSEN / AFP

Porto Velho, RO - A organização dos Jogos Olímpicos de Paris anunciou a desqualificação da atleta refugiada B-girl Talash, natural de Cabul, Afeganistão, após ela exibir uma faixa de protesto em apoio à liberdade das mulheres afegãs.

Talash, que conseguiu escapar do Afeganistão após a tomada do poder pelo Talibã, integra a equipe de atletas refugiados.

Na última sexta-feira, 9, momentos antes de seu primeiro duelo contra uma atleta holandesa na competição de breaking, Talash exibiu a faixa de protesto, o que resultou em sua desclassificação por violar a Regra 50 da Carta Olímpica.

Essa regra, frequentemente alvo de controvérsias, estabelece que “nenhum tipo de manifestação ou propaganda política, religiosa ou racial é permitida em quaisquer locais, instalações ou outras áreas olímpicas”, conforme destacou a nota oficial do Comitê Olímpico Internacional (COI).

Embora Talash não tenha se classificado para a etapa final da competição, sua exclusão dos Jogos foi confirmada devido ao gesto político.

A dançarina já havia atraído atenção antes da competição ao comentar a delicada situação das mulheres em seu país de origem, afirmando que sua fuga do Afeganistão não foi motivada pelo medo do Talibã, mas pelo desejo de lutar pelos direitos das meninas afegãs.

“Saí porque quero fazer o que puder pelas meninas do Afeganistão, por minha vida, meu futuro, por todos”, declarou Talash.

O protesto da atleta ocorreu dois dias após especialistas da ONU terem enviado uma carta ao COI, solicitando uma ação decisiva contra a proibição imposta pelo Talibã de que mulheres e meninas do Afeganistão participem de quaisquer esportes.

Na carta, a ONU ressaltou a importância de o COI cumprir seus compromissos com os direitos humanos, lembrando que “a terrível privação dos direitos e da dignidade das mulheres e meninas afegãs, inclusive por meio de sua exclusão do esporte no Afeganistão, é um dos principais motivos para a participação delas em Paris.”

Uma investigação da ONU concluiu que o Talibã está promovendo crimes contra a humanidade ao implementar um “sistema institucionalizado de opressão de gênero”.

Segundo o relatório, o Talibã estabeleceu um “sistema de discriminação, segregação, desrespeito à dignidade humana e exclusão generalizada, metódico e imposto por meio de decretos, políticas e execução, sancionando graves privações de direitos fundamentais.”

Fonte: Carta Capital

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