Fadinha é candidata ao ouro no skate, mas Olimpíadas começam com polêmica para a brasileira
Porto Velho, RO - Em três anos, Rayssa Leal se consolidou como a maior promessa de medalhas do Brasil no skate. Nos Jogos de Tóquio, aos 13 anos e 203 dias, ela se tornou a mais jovem medalhista do país, com uma prata na modalidade street.
Agora o objetivo é o ouro —e, por consequência, um novo recorde. Caso conquiste o topo do pódio, ela será novamente a mais jovem a fazê-lo, desta vez com 16 anos. Hoje, Rayssa é a terceira colocada no ranking das melhores skatistas do mundo.
Suas concorrentes para o título vêm do Japão. Yoshizawa Coco, Akama Liz e Nakayama Funa são as principais ameaças à brasileira, além da australiana Chloe Covell. A atual campeã olímpica, Nishiya Momiji, não se classificou para Paris.
Imagem de uma skatista realizando uma manobra em uma competição de skate. Ela está no ar, descendo um corrimão amarelo com seu skate. A skatista veste um top preto, calças largas e um gorro preto. Ao fundo, há uma grande plateia assistindo ao evento em um estádio.Imagem de uma skatista realizando uma manobra em uma competição de skate. Ela está no ar, descendo um corrimão amarelo com seu skate. A skatista veste um top preto, calças largas e um gorro preto. Ao fundo, há uma grande plateia assistindo ao evento em um estádio.
Rayssa nasceu em Imperatriz, no Maranhão, e começou a andar de skate aos seis anos de idade. Ganhou o apelido de Fadinha um ano depois, quando uma manobra sua vestida com asas ganhou as redes sociais e foi compartilhada até mesmo por Tony Hawk, um dos maiores nomes do esporte.
De Tóquio para cá, ela conquistou resultados expressivos. Ganhou o X-Games duas vezes (em 2022 e 2023), foi ouro em todas as etapas da Street League Skateboarding (SLS) em 2022 e conquistou o título mundial no Rio de Janeiro, em 2022.
No ano seguinte, foi campeã Pan-Americana pela primeira vez e conquistou o mundial da SLS em São Paulo, além do mundial da World Skate, em Sharjah (válido por 2022). Em 2024, a brasileira conquistou três medalhas nas três competições que participou: dois ouros, no Pré-Olímpico de Xangai e na etapa de San Diego da SLS, e uma prata, na etapa de Paris.
Nas redes sociais, a maranhense publicou que um atleta olímpico "tem que ter muita garra e coragem para lutar por isso". Ela se disse carregada de alegria, pronta para dar boas risadas, se divertir e dar o melhor para mostrar o skate do seu jeito. Ela também agradeceu ao apoio de familiares, amigos e fãs.
"Muito obrigada, mamãe e papai, por sempre falarem 'Ei, cadê o sorrisão no rosto?'. E, aos meus irmãos, por me apoiarem, cada um do seu jeito. Obrigada as minhas amigas, da escola e do skate, por cada momento juntas. Obrigada, meu time, por estar sempre comigo, nos perrengues e nas risadas! Obrigada aos meus patrocinadores por apoiarem uma menina!", escreveu.
A chegada a Paris, no entanto, não é imune a problemas. Rayssa e seu estafe travam uma batalha com o COI (Comitê Olímpico Internacional) para que a atleta tenha direito de levar sua mãe, Lilian Mendes, como acompanhante. Ela teve esse direito em Tóquio, mas foi barrada na edição atual dos Jogos por conta da idade.
O pedido teria sido feito pela própria skatista, segundo a empresária dela, Tatiana Braga, em declaração ao podcast "Maquinistas".
"A Rayssa fica na Vila [Olímpica]. Estamos conversando ainda com eles. Ela não ficar na Vila é ruim por questão de logística. Tem o horário do treino, os ônibus têm adesivo para chegar onde se precisa chegar. O que está todo mundo tentando ajudar é se a gente consegue fazer a mãe dela dormir com ela. E, se não a mãe dela, alguém de acolhimento, alguém que ela confia que pode estar com ela", disse a empresária.
Braga acrescentou que Rayssa fez pedido semelhante no Pan-Americano do Chile, em 2023.
"É algo que ela quer muito. No Pan-Americano, ela ligou da pista chorando e falando 'Queria que mamãe estivesse aqui', porque a mãe dela não tinha acesso ao treino dela. A gente não precisa de uma menina de 16 anos pedindo para a mãe estar ali. E não é por ser um momento frágil, ali era só a menina de 16 anos que sempre teve aquela pessoa do lado e a única coisa que ela queria era olhar", complementou.
A regra do COI sobre familiares, no entanto, se estende somente até atletas de 14 anos.
O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) organizará uma área para família e amigos, para que os encontros com os atletas aconteçam em horário marcado.
Fonte: Folha de São Paulo
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