Fernando Sastre Andrade Filho, que está foragido, não foi submetido ao teste de bafômetro e conseguiu liberação imediata do local do acidente; Secretaria de Segurança já reconheceu falha no procedimento
Porto Velho, RO - Fernando Sastre de Andrade Filho, o motorista do Porsche acusado de homicídio doloso e lesão corporal gravíssima após um acidente em São Paulo, negou que tenha recebido “tratamento privilegiado” pela Polícia Militar.
“Eu não tenho acompanhado muito as mídias, então eu não sei a dimensão que está isso também. Mas eu não sou nada disso, eu não tive nenhum tratamento privilegiado. Foi um caso midiático que estourou e foi isso. Para mim foi tudo normal, não teve nada de tratamento privilegiado. Fui tratado como qualquer um”, disse ele em entrevista concedida ao Fantástico, da TV Globo, poucas horas antes da Justiça decretar sua prisão preventiva, neste sábado 4. Ele é considerado foragido.
Após o acidente que matou o motorista de aplicativo Ornaldo Silva Viana, os policiais militares permitiram que Andrade Filho saísse do local. Na ocasião, ele contou com a ajuda da própria mãe, Daniela Andrade, para mentir e dizer que seria levado ao hospital.
Os policiais também não fizeram teste do bafômetro antes de liberar o condutor. A principal suspeita é de que o motorista estava sob o efeito de álcool ao conduzir o carro de luxo em uma velocidade de 156 km/h.
Após ser liberado pelos policiais, sob a justificativa de que iria a um hospital, Andrade Filho não deu entrada em qualquer unidade de saúde. Ele só tornou a se apresentar à Polícia quase 48 horas depois, quando eventual consumo de álcool já não mais poderia ser constatado. A ação dos policiais também impediu uma prisão em flagrante.
Na entrevista ao semanário, ele nega ter fugido do local do acidente, diz ter apenas bebido água antes do acidente e saí em defesa da mãe, apontada como coautora dos crimes.
“Na verdade, o que aconteceu foi que a minha mãe, ela estava me socorrendo”, disse ele ao programa.
“A minha mãe passa em casa para eu pegar a minha carteirinha do convênio. Quando eu chego em casa, eu tenho um alto descontrole, eu fico muito nervoso por tudo aquilo que está acontecendo. E aí ela me dá um remédio. E aí eu… apago”, afirma.
Falha de procedimento
Apesar da alegação do motorista da Porsche de que não foi privilegiado pelos policiais, a própria Secretaria de Segurança Pública reconheceu que houve falhas no procedimento dos agentes. A pasta diz, após a apuração, que irá apurar as possíveis responsabilidades individuais dos policiais que não submeteram o motorista ao teste do bafômetro.
Denunciado e foragido
Na última semana, a Justiça recebeu formalmente a denúncia contra o empresário por homicídio doloso qualificado e lesão corporal gravíssima, ambas na modalidade eventual, quando se assume o risco do resultado lesivo.
Está correndo o prazo para a defesa de Fernando apresentar a defesa preliminar das acusações. Após analisar a defesa prévia, o juiz decidirá se dá andamento ou não a uma ação penal. Caso opte pelo primeiro caminho, Andrade Filho se tornar definitivamente réu no caso.
No sábado, conforme citado, ele teve a prisão preventiva decretada após um recurso do Ministério Público, autor da denúncia. O mandado de prisão, no entanto, demorou cerca de 24 horas para ser emitido e, ao chegar nos endereços de Andrade Filho, os policiais não encontraram o alvo.
A defesa do motorista sinalizou que pretende ter uma audiência com o juiz do caso antes de entregar o alvo para a Justiça.
Eles alegam que Andrade Filho não poderia ir para um ‘presídio normal’ diante da repercussão do caso. A intenção é garantir que ele seja preso na Penitenciária de Tremembé. O local é o mesmo em que o ex-jogador Robinho foi preso após ser condenado por estupro e costuma receber os detentos de casos mais midiáticos.
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