Porto Velho, RO - Aviões de guerra e tanques israelenses bombardearam o sul de Gaza durante a noite e nesta terça-feira (12). A Organização das Nações Unidas (ONU) disse que a distribuição de ajuda aos habitantes de Gaza, que enfrentam fome crescente, foi interrompida em grande parte devido à intensidade dos combates na guerra de dois meses entre Israel e o Hamas.
Na cidade de Rafah, no sul do território, que faz fronteira com o Egito, autoridades de saúde informaram que 22 pessoas, incluindo crianças, foram mortas em um ataque aéreo israelense contra casas durante a noite. As equipes de emergência civil procuram vítimas sob os escombros.
Moradores disseram que o bombardeio em Rafah, onde o Exército israelense ordenou este mês que as pessoas se deslocassem para sua segurança, foi um dos mais pesados dos últimos dias.
"À noite, não conseguimos dormir por causa dos bombardeios e, de manhã, percorremos as ruas em busca de comida para as crianças, não há comida", disse Abu Khalil, de 40 anos, pai de seis filhos, em entrevista à Reuters, por telefone, de Rafah.
"Não consegui encontrar pão e os preços do arroz, sal e feijão aumentaram várias vezes. Isso é fome", afirmou. "Israel nos mata duas vezes, uma com bombas e outra com a fome."
Em Khan Younis, a principal cidade do sul de Gaza, os moradores disseram que os bombardeios dos tanques se concentraram no centro da cidade. Um deles afirmou que os tanques estavam operando na manhã desta terça-feira na rua onde está localizada a casa de Yahya Al-Sinwar, líder do Hamas em Gaza. Segundo autoridades de saúde, duas pessoas foram mortas durante a noite na cidade.
Centenas de outros civis foram mortos no ataque de Israel ao enclave palestino desde que os Estados Unidos vetaram, na sexta-feira (8), resolução do Conselho de Segurança da ONU que pedia um cessar-fogo.
Agências de ajuda humanitária afirmam que a fome está piorando entre os habitantes de Gaza. De acordo com o Programa Mundial de Alimentos da ONU, metade da população está passando fome.
O escritório humanitário da ONU (Ocha) disse hoje que distribuições limitadas de ajuda ocorrem no distrito de Rafah, mas "no restante da Faixa de Gaza, a distribuição de ajuda foi praticamente interrompida nos últimos dias, devido à intensidade das hostilidades e às restrições de movimento ao longo das estradas principais".
Os fluxos de ajuda também foram restringidos por escassez de caminhões em Gaza, contínua falta de combustível, apagões nas comunicações e número crescente de funcionários que não podem viajar para a travessia de Rafah com o Egito por causa da intensidade das hostilidades, afirmou.
O porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza, Ashraf Al-Qidra informou que as forças israelenses invadiram o hospital Kamal Adwan, no norte de Gaza, e estavam reunindo homens, incluindo a equipe médica, no pátio do hospital.
As Forças Armadas de Israel não responderam imediatamente a um pedido de comentário sobre a denúncia.
Israel informou que suas instruções para que as pessoas se desloquem estão entre as medidas para proteger os civis, enquanto tenta erradicar os militantes do Hamas que mataram 1.200 pessoas e fizeram 240 reféns em um ataque transfronteiriço a Israel em 7 de outubro. Cerca de 100 reféns foram libertados desde então.
O ataque retaliatório de Israel matou 18.205 pessoas e feriu quase 50 mil, conforme o Ministério da Saúde de Gaza.
Fonte: AG/BR
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